domingo, 20 de setembro de 2009

A VISIBILIDADE DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


A violência contra a mulher, em pleno século 21, continua sendo praticada, sem o menor constrangimento por seus autores, sendo que na maioria das vezes por pessoas muito próximas a ela. Seus pais, companheiros, ex companheiros, namorados, ex namorados, irmãos, filhos.

É predominante ainda o pensamento da “lei do mais forte”, pois, sendo ela fisiologicamente mais frágil do que o homem muitas vezes é agredida fisicamente sem o menor pudor.

Culturalmente falando, se acostumou a se ver a “mulher obedecendo ao homem”.

Há que se educar gradativamente os cidadãos, sejam eles homens ou mulheres, para que se respeitem, sendo que isso deve acontecer no seio familiar. Deve-se prover os filhos de educação e não só de bens materiais.

Pergunta-se: como se educar filhos em um contexto de violência? Como esperar que acabe a violência se estes filhos a presenciam diariamente? Para eles a violência faz parte da vida e vão mais tarde reproduzi-la em suas próprias famílias. Como esperar que uma criança abusada sexualmente possa ter sua vida normal após ser contra ela praticado esse crime absurdo? Como esperar que uma mulher agredida física, sexual, moral e psicologicamente não tenha seqüelas?

Os frutos de agressões físicas somem com o tempo, porém, as marcas na alma das mulheres que sofrem violência doméstica permanecem por anos. E não só delas, principalmente de seus filhos.

Necessário se faz que se liberte das amarras de uma cultura enraizada de acomodação, desrespeito, de omissão e de violência.

A todo o momento mulheres estão sendo agredidas física, moral, sexual, patrimonial e psicologicamente sem que ninguém tente mostrar-lhes que isso não é normal, que não é humano. Sem que lhe digam seus direitos.

A violência contra a mulher não está crescendo. Está aparecendo, tornando-se visível. Aos poucos ela está tendo coragem de denunciar, de procurar ajuda policial. Mas, é preciso mais. Queremos mais. Queremos que ela seja respeitada como ser humano. Como cidadã.

Não podemos nos furtar da responsabilidade de transformar essa situação.

Sílvia Virgínia Biagi Ferrari

Delegada Titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá/MT e Associada da Associação Brasileira das Mulheres da Carreira Jurídica de Mato Grosso


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