domingo, 6 de dezembro de 2009

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL CAUSA VIOLÊNCIA DE GÊNERO

* Ana Emilia Iponema Brasil Sotero

A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas, em grande número de vezes de forma dissimulada e silenciosa. Estima-se que a violência contra a mulher tenha proporções epidêmicas no mundo todo.
A vítima de violência doméstica, geralmente, tem auto-estima baixíssima e se encontra atada na relação com quem agride, seja por dependência emocional ou material. O agressor geralmente acusa a vítima de ser responsável pela agressão, a qual acaba sofrendo uma grande culpa e vergonha. A vítima também se sente violada e traída, já que o agressor promete, depois do ato agressor, que nunca mais vai repetir este tipo de comportamento, vindo a repetir posteriormente. A dependência emocional, mais que a econômica, é que faz a mulher suportar agressões.
Em algumas situações, felizmente não a maioria, de franca violência doméstica persistem cronicamente porque um dos cônjuges (geralmente a mulher) apresenta uma atitude de aceitação e incapacidade de se desligar daquele ambiente, seja por razões materiais, mas estudos demonstram que as razões emocionais são as mais evidentes.
A violência psicológica ou agressão emocional, às vezes tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes para toda a vida.
A agressão emocional na violência doméstica e familiar é fazer com que a agredida se sinta inferior, dependente, culpada ou omissa é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terrível. A mais cruel atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certo, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo homem em relação aos filhos, quando esses não estão saindo exatamente do jeito idealizado ou em relação às esposas. Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em homens, que, normalmente se aborrecem com algum sucesso ou admiração da mulher, ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo que ela faça. Esses agressores estão sempre a justificar as atitudes de oposição como se fossem totalmente irrelevantes, como se estivessem corretos, fossem inevitáveis ou não fossem intencionais. Entretanto, sabendo que são perfeitamente conhecidos as preferências e estilos de vida dos demais, atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas podem estar sendo propositadamente agressivas.
A violência verbal normalmente se dá concomitante à violência psicológica. Alguns agressores verbais dirigem sua artilharia contra outros membros da família (esposa e filhos), incluindo momentos quando estes estão na presença de outras pessoas estranhas. Existe até na ausência da palavra, ou seja, até em pessoas que permanecem em silêncio. O agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, se cala, emudece e, evidentemente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma coisa.
É preciso tratar a violência contra a mulher, iniciando-se o tratamento pela mulher, elevando sua auto-estima, dando condições e oportunidades para que esta vítima tenha mais confiança em si mesma e corte as “amarras”, rompendo definitivamente esta dependência emocional que a aprisiona nesta vida de sofrimento e desesperança.

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